quarta-feira, janeiro 03, 2007

"As cartas destinam-se a nossas mãos
Não por vontade própria.
Necessitam de uma permissão suprema
Um sinal de fogo
Assinaturas extensas.
Amo as coisas que não pedem licença para acontecer
Entram largam seus chinelos no corredor
Pegam seus pratos e sentam-se à mesa
Sejam convidadas ou não.
Assim logo ditam suas regras
E fundam suas religiões
Sou grato a elas por nunca necessitarem de mim
Do meu comando.
Que chato é ter que guiar as coisas
Sem ao menos saber mover-se não aleatoriamente.

Sossegue.
Deixe que a juventude se alastre
Que as doenças se alastrem
Que os vícios se perpetuem e se alastrem
Que amantes sejam traídos
Que as famílias se desfaçam
E que os suicidas morram.
Não mobilize corporações regulamentares
Para impedir o processo letal do feito.
Nulos no instante presente
O terão amiúde por toda a vida.
Deixe ao menos à liberdade
O direito concreto da morte.
O tempo que hoje faz a regra, fará também a exceção.
O Mal não está aí para ser combatido, mas para ser compreendido.
Pois não compreender o Mal, é fazê-lo com toda legitimidade.
E por isso que os homens temem compreendê-lo.
Ao combater o Mal, se reproduz o Mal."

(Rafael Sarajevo)

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu nem sei o que dizer... Socorro? hahaha