segunda-feira, março 17, 2008

Elas eram tão diferentes, tão destoantes, tão opostamente vibrantes. Tão... próximas. Odiava-a com todas as forças, e no instante seguinte sentia piedade. Acho que já não existia mais amor. Como uma maldição, não conseguia deixá-la. Mesmo depois de tanto ter-lhe feito sofrer. Mesmo depois de tantas humilhações, tantas lágrimas, tanta felicidade desperdiçada. Continuava perdoando-a. E o ar que passava pelos pulmões ia ficando cada vez mais denso. Às vezes parecia que a angústia virava física, e então a cabeça doia.
Saíra do alcance das mãos, mas ainda haviam marcas. Físicas e emocionais. E essas últimas eram as mais difíceis de superar. Quando pequena pensava "por que comigo?"; quando cresceu já não se perguntava mais, pois possuia a resposta. Resposta essa que pesava, como um fardo, que levaria pra vida.

sexta-feira, março 14, 2008

E aquela dor?
Engoli.
A seco?
Não, com um gole de vinho.

Foto de Sebastião Salgado


Fétido
Podre
Pétrifo
Carnicento

Homem

Desagradável
Atravesse a rua

Humano

Feio
Apenas existe.

segunda-feira, março 10, 2008

Vermelha

E ela, que apenas quer ser (não ela não quer ter)
E ela, que ama à desvairia
Que chora, grita, que perde o controle
Apenas para sentir
Qualquer coisa
E ela, que nasceu do som da solidão
Às vezes acorda e o sol da manhã
Parece-lhe com cores de silêncio
As manhãs tem cheiro de noites passadas
Dos perfumes e das músicas.
Ela, que nunca sabe a quem ama
Que ama a todos
E a ninguém o suficiente
Por vezes ela sente-se o laranja em meio ao cinza
Outras vezes opaca
em meio ao verde, ao azul, ao amarelo
E ao vermelho.
Ela.

quarta-feira, março 05, 2008

Outro dia me questionaram...

1. O que você estava fazendo em 1978 (há 30 anos)?
Eu estava em um planeta pequeno, conversando com um principizinho e sua rosa.

2. E em 1983, há 25?
Desbravava os anéis de saturno.

3. O que você estava fazendo em 1988?
Houve um dia desse ano em que despertei com choros de bebês. Ó céus, como eram altos! Acordaram-me de um sono profundo.

4. E em 1993?
Eu dava infindáveis banhos em bonecas e cortava meias para vesti-las. Meu mundo era então silencioso e, às vezes, ainda conversava com o princepezinho.

5. O que estava fazendo há 10 anos?
Escrevia meu primeiro livro e fugia de casa para ir mais longe que o permitido na minha pequena bicicleta.

6. E há cinco?
Vendendo sapatos, amando platonicamente e chorando nas horas vagas.

Repasso a reflexão para...

O meu querido exagerado