sexta-feira, dezembro 26, 2008

A gorda

Tinha uma grande bunda e panturrilhas grossas. Panos de seda cobriam-na com diversos coloridos. Azul e preto, mas também rosa e vermelho e talvez amarelo e verde. Seu quadril ia rebolando acompanhando curtos passos limitados pelos sapatos verniz de salto muito altos e finos. Ao lado da vestimenta de seda, nadadeiras. Elas iam balançando calmamente ao ritmo dos passos. Para cima e para baixo, para cima e para baixo... E ela foi virando o corredor escuro.

Tiago de Carvalho

O susto

Estava tudo escuro e só o que se sentia era a água salgada escorrendo pelo rosto. Então chegaram luzes, sorrisos e carinho. Trouxeram com elas ouvidos para ouvir, desenhos e sentimentos sinceros. Café e letras. E novamente tive vontade de escrever porque há coisas boas a se escrever.

Tiago de Carvalho

A praia

Eu sempre lembraria daqueles dias. Em que amávamos tão livremente quanto se pode imaginar. Em que a inveja, a competição e a falta de compreensão não existiam. Nos finais de tarde andávamos a sol baixo e de manhã bem cedo, pelo menos uma vez, vimos o nascer do sol, um pescador e gaivotas. Apenas nós tínhamos a fórmula. E eu gostaria que todas as outras pessoas que amo a aprendessem. Uma, mais do que todas, deveria entender a simplicidade da complexidade das chaves, dos acentos e dos clichês. Sair do quarto escuro e abafado, abrir as janelas... {e trazer consigo suas músicas}.

Tiago de Carvalho