domingo, agosto 26, 2012

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Para escrever um poema é preciso saber beber, digo, viver.  

A terceira forma de amar

Poucas pessoas no mundo sabem – eu mesma só aprendi ontem, mas existe uma terceira forma de amar. Uma forma que não a amizade, que não o romance, uma forma que leva um pouco destas duas coisas, mas que não é, necessariamente, nenhuma delas. 

A terceira forma de amar gosta do toque, mas na falta dele sobrevive por cartas. Ela não exige sexo, mas também não proíbe. Ela não pode ser entendida por todos, nem vivida por muitos. Não no mundo atual, com suas certezas erradas e preconceitos atrasados. 

A terceira forma de amar também tem regras, sempre baseadas no mútuo querer: não leva amarras, não impõe grades, abre sorrisos, enxuga lágrimas, tem a ver com cheiros, gostos, perfumes, poesia... Tem a ver com a sensação de um dedo num lábio (que escorre para o queixo e volta para o contorno das pálpebras).

A terceira forma de amar não quer o delírio que cega e deprime, mas não rejeita o leve voo da consciência. Para entendê-la é preciso ter real prazer no prazer alheio. É preciso saber amar. É preciso saber gozar. 

Ela tem a ver com a música e com os músicos. Tem a ver com as letras e com quem escreve. Tem a ver com quem possui a sensibilidade de perder um pedaço da vida tentando expressar algo – porque só perde tempo com isso quem tem consciência do valor que a vida tem, da sua e da dos outros. 

A terceira forma de amar é o infinito. E o infinito – explicou-me há muito meu pai – é algo que não tem fim. E o que não tem fim não cabe em qualquer lugar, só em cabeças e corações muito grandes... 

É para isso que temos trabalhado, em prol da expansão das cabeças e dos corações.

Um querido

O dono do abraço mais seguro que um porto 
Era o último dos românticos deste Oceano Atlântico 
E eu, 
a penúltima, 
jurava que existiu mesmo uma maçã podre. 

E assim nos despedimos sorrindo... 

Promete pra mim que você será feliz.

segunda-feira, agosto 20, 2012

La noche/1

Pensava então naquelas linhas de Galeano... 

“No consigo dormir. Tengo una mujer atravesada entre los párpados. Si pudiera, le diría que se vaya; pero tengo uma mujer atravesada en la garganta.” 

 El libro de los abrazos

Devolva-me

Aquele sentimento era algo de hipnotizante, algo de inexplicável. Era como qualquer coisa entalada na garganta, coisa que ao olhar nos olhos não se conseguia pronunciar. Então olhava para os lábios e procurava ali palavras que o outro também não sabia dizer... 

Devolva-me o chão, seja lá o que fores!

domingo, agosto 12, 2012

Uma linda

Ela usava uma saia curta com várias camadas de babados, uma jaqueta jeans rosa e óculos escuros. A sandália de salto ressaltava a beleza das longas e grossas pernas. Era loira e falava impacientemente ao celular. Com a luz daquele fim de tarde ensolarado e o Bob Dylan do meu fone, podia bem ser a personagem de algum filme bonito que passasse no cinema. Mas ela não sabia, estava nervosa, certamente alguém a deixara esperando, em frente àquele prédio, ali em frente.

quinta-feira, agosto 09, 2012

Habitat natural

Jornais inteiros, picotados, de ontem, hoje e transontem. Papeis com anotações de tarefas de dias passados, para hoje e amanhã. Umas caixinhas de som, telefones, um calendário, uma mochila e uns objetos retrôs e uns objetos tecnológicos da hora. Uma calculadora jogada, um penal do Perú e um penal do Uruguay.

quarta-feira, agosto 01, 2012

Só para lembrar...

Porque às vezes as pessoas maravilhosas também precisam ser lembradas do quanto as amamos. Porque o mundo é todo torto e algumas pessoas direcionam seus sofrimentos em quem sabe viver. Porque nós sabemos viver. Todos nós. E foi você quem nos ensinou. 

"Continuemos o show"

Dos comunistas en el Río de la Plata... Enero de un buen año