Não tenho muito medo da morte, mas antes de ir-me há algumas poucas coisas que eu queria fazer por aqui...
Eu queria voar, nem que fosse só uma veizinha, queria pular mais uma vez de uma pedra de uns dez metros que eu pulei uma vez, de cabeça no rio, queria aprender a tocar piano, cantar o Hino da Internacional Comunista novamente e ler “Os dez dias que abalaram o mundo”. Eu queria ver todos os filmes do Chaplin, queria perguntar muitas coisas para o meu pai e passar só mais uma noite inteira escutando as maravilhosas respostas que eu nunca descobri de onde ele tirava. Queria rezar a Ave Maria e conseguir acreditar no que ela diz, queria aprender mais três centenas de palavras do português, aprender a falar francês e espanhol e aprender a dirigir. Queria gargalhar de verdade, ingenuamente, até que a barriga doesse, queria comer alface com açúcar, pão margarina e açúcar, rosca com melado e nata, queria que a minha mãe fizesse torta de sonho de valsa. Queria fazer um doutorado, e um bom amigo também. Tem alguns bons amigos do passado que eu queria rever, uns tantos para pedir desculpas, outros para aceitar desculpas, outros para abraçar e beijar e outros só pra olhar de longe, só para saber o que foi que a vida fez deles. Eu queria mandar algumas pessoas para o inferno e dar um abraço apertado em algumas outras, e ah, queria dar um beijo na boca de outras tantas. Queria fazer uma grande viagem pela América Latina, conhecer os monumentos Maias e o deserto de sal do Chile. Eu queria ver as minhas irmãs casarem, mas eu não queria casar não, queria que a minha mãe se casasse também, queria ver o meu irmão se formar, eu queria ter um grande amor... Ta aí, eu só queria amar.
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