quarta-feira, janeiro 17, 2007

Ser, humano

I

Venho confessar, não sei a quem nem em que tempo e nem porque, a veneração que sinto pelos tais seres, os humanos. Sinto por este bicho uma espécie de grande bem querer, arrisco-me até a escrever que sinto por ele aquilo que se diz ser o amor. Não que eu, simples mortal que presenciou por aqui apenas dezoito agradáveis outonos, tenha tido muitas experiências com este sentimento. Mas sim, arrisco-me a escrever que amo o ser humano; expressão singular, unitária e feita em todo, quando socialmente organizada.
O meu amor pela referida espécie não é de um gostar apaixonado e fulminante, como o amor de um primo por uma prima. É de um gostar seguro, deveras matutado e amadurecido, como o amor de uma avó por um avô.
Causam-me ânsias, insônias e reboliços intestinais o mau comportamento de tão adorável bichinho em certas ocasiões, mas responda-me tu, que eu nem sei quem és, raro e caro leitor, qual amor não possui lá seus percalços?
Amo-o por tanto e tão pouco compreendê-lo. Toca-me no fundo do estômago ver-lhe sofrer e o mesmo acontece quando o vejo causar dores e sofrimentos.
Amo o ser humano pela fascinante engenharia de sua mente e coração, pela arquitetura de suas ações, pela simplicidade de suas complicações, pelas complicações da sua simplicidade, pela profunda capacidade de sisternizar sofrimentos e resistência, seja calando ou gritando.

II

Sim, sim, agora chego ao ponto em que descubro que, sim, realmente amo-o. Amo como todo amor o é, egoísta. Porque assim é que é o real amor, busca de igualdade e complementos e aceitações.
Busca de um buscar que foi buscar um lugar que não se sabe onde Busca por si mesmo, dentro de si, que não se sabe o quê nem dentro donde.
Busca de você que eu afirmo: sei lá quem seja. Busca de mim dentro de ti que ali está e me fascina e me embriaga e me tormenta e, isso! Amo-te porque sois eu.
E cá me achei no labirinto, dentro de ti ser, humano.

2 comentários:

Anônimo disse...

Não sei se eu sou um pouco insensível,
mas eu prefiro venerar os cães...
Aliás, no meu caso são dezoito invernos...
huahuahuhaua

"Busca de um buscar que foi buscado buscando a busca de um buscar que foi buscado buscando a busca de um buscar que foi buscado buscando a busca de um buscar..." huahauhuahua (leitora boba)

Jouber Castro disse...

Fran, sério mesmo... Até li emn voz alta, porque esse texto tem uma sonoridade INCRÍVEL! Muito, muito, MUITO legal... E é engraçado como as palavras ditas pelos outros sempre parecem mais bonitas. Nesse exato momento eu não me sinto capaz de encontrar uma seqüência de palavras tão empolgante e sonoramente agradável quanto esta que acabo de ler.

"Busca de um buscar que foi buscar um lugar que não se sabe onde
Busca por si mesmo, dentro de si, que não se sabe o quê nem dentro donde".

Essa seqüência é SENSACIONAL!
Parabéns!
Cada dia sou mais teu fã!