segunda-feira, fevereiro 21, 2011

Um post sobre política

Estava conversando com uma amiga esses dias sobre isso, é incrível como eu não gosto de escrever sobre política nos meus textos mais pessoais. Talvez seja porque eu passo o dia inteiro escrevendo sobre política, ou porque a minha vida inteira cheire a política. Não sei. Só sei que tudo isso é muito chato e que quando eu chego em casa só quero saber de um copo de Nescau, cruzadinhas e poesias.

O primeiro diário

Essa semana achei um diário antigo em que escrevi entre os anos de 2002 e 2006. Contei isso para muita gente, pois fiquei impressionada com as histórias hilariantes e tristes que achei lá. Eu ainda me lembrava da existência daquele caderno, mas, não sei por que, há muito tempo não quis mais abri-lo. Eu achava que havia registros tristes lá que mereciam ser esquecidos; era verdade, mas não me arrependi de tê-lo lido. Eu realmente consegui apagar da memória muitas coisas, passei inclusive a me assustar com a importância que minha irmã, dois anos mais velha, dava a alguns acontecimentos da nossa adolescência. Só agora compreendo. É sempre bom ser uma adulta e conseguir analisar os absurdos que te fizeram quando você só tinha 14 anos.

“Pais, causando traumas desde os tempos da caverna”.


Ps. Eu tinha milhares de erros de português a mais que hoje, mas já escrevia feito uma desesperada. Acho que aquele foi o meu primeiro incentivo às letras.

terça-feira, fevereiro 08, 2011

Justificativas

Há tempos que não tenho escrito. Melhor... há tempos que não tenho escrito nada que eu realmente goste. Com as obrigações de leitura e redação da monografia, perdi muito minha sensibilidade para temas que pudessem se transformar em bons textos. Por seis meses minhas palavras avoadas foram deletadas rigidamente. Depois disso não tive mais muito tempo para pensar.

Consolei-me na leitura. Sempre me lembro de um filme sobre Sartre em que alguém disse para ele que é burrice escrever mais do que se lê. Quando as porteiras da prisão intelectual que é a faculdade se abriram, caí de boca na literatura, principalmente a latino-americana, minha paixão.

Agora, após as férias e um pouco de descanso, a inspiração voltou a aparecer às vezes. Mas já não tenho a mesma disciplina de sentar e escrever no momento em que me vem a ideia, aí ela foge. Na hora em que as coisas acontecem, tenho mais vontade de vivê-las do que de registrá-las.

Há dois dias li uma coisa que, ao que parece, vai me marcar. Parece um pouco com isso, mas se a relação não ficar muito clara, vale a leitura:

“Quando me separei de Graziela deixei a casa em Montevidéu intacta. Ficaram os caracóis de Cuba e as espadas da China, os tapetes da Guatemala, os discos e os livros e tudo. Levar alguma coisa teria sido um roubo. Tudo isso era dela, tempo compartido, tempo que agradeço; e me larguei no caminho, rumo ao não sabido, limpo e sem carga.

A memória me guardará o que valer a pena. A memória sabe de mim mais que eu; e ela não perde o que merece ser salvo.

Febre de meus adentros: as cidades e as gentes, soltas da memória, navegam para mim: terra onde nasci, filhos que fiz, homens e mulheres que me aumentaram a alma.”

Eduardo Galeano ~ Dias e noites de amor e de guerra*

*Obrigada ao Evrandos pelo bonito presente