sábado, março 17, 2007

Obra de dezoito anos de freqüentes visitas ao espelho, descobri que tenho um grande queixo e uma grande testa. Descobri que meu rosto é habitação digna para muitas espinhas, descobri uma volta nunca antes desbravada na orelha. Reparei no não se definir da cor dos meus olhos e na covinha de um lado só da minha bochecha. A covinha singular sempre me faz lembrar daquela frase do Mário Quintana: “Símbolo da mais completa solidão”. Descobri que meu cabelo tem sido o mesmo, desde que saiu quando eu ainda era um bebê. Percebi um pescoço ossudo em um corpo rechonchudo. Descobri uma cara meio que de batata que sempre utilizo para tirar fotos, uma sobrancelha anarquista e um nariz que se posiciona, vejam só, no meio da cara.
Obra de dezoito anos de muita identificação com essa imagem diariamente refletida no espelho, gosto de cada uma destas coisas. E pronto.

2 comentários:

Anônimo disse...

duvido que qualquer uma dessas marcas que você apontou (as quais para muitos são um problema), possam, algum dia, te privar de algo. talvez de alguns (e não por razões estéticas), mas não de ti.

Leonel Camasão disse...

autoanálise ou depressão? As marcas que apontou (que são tão tuas) te fazem o que é, ou seja, a pessoa maravilhosa que se tornou nesses 18 anos.