Era meio dia e eu comia lasanha de microondas, de pijama em frente à televisão. Ela chegou toda animada. Começou a fazer um arranjo de flores de plástico vermelhas do 1,99 num vaso retangular.
- Flores de plástico não morrem, eu disse.
Ela me perguntou se estava bonito. Eu disse que o arranjo estava bom, mas que eu não gostava de flores de plástico. Minutos depois nós duas estávamos paradas na escada, de frente para o vaso, observando calmamente se ali era um bom lugar para deixá-lo. Parecia flor de cemitério, concluímos.
Ela decidiu tocar a campanhinha em frente e perguntar a opinião da vizinha, afinal também ficaria em frente à porta dela. A senhora que atendeu olhou uma vez, duas vezes e disse:
- Que coincidência você bater aqui e me perguntar isso, estava conversando com a minha irmã sobre quais flores dar pra minha mãe.
- Verdade? Onde ela mora?
- No cemitério. Ela morreu. Quer vender?
- Cinqüenta reais.
- Ok.
É... flores de plástico não morrem.
2 comentários:
O capitalismo tbm não, companheira!
Olá menina! (saudades)
Textos com profundidade oceânica.
Sensibilidade, ironia, riso e sonho, à beira-mar (como você na bela foto).
bjs
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