– Ela está morrendo.
– Não está não. Pare de mentir.
– Está sim. Eu sou personagem dela. E a muito mais tempo do que você. Ela está morrendo, não consegue mais ter idéias. Nada mais soa original.
– Pare. Você só pode estar enganado. Esse diálogo, por exemplo, é a prova de que ela ainda está muito viva. Não me parece que ela esteja morrendo.
– Mas ela está. Esse diálogo também é uma cópia. Ela copiou a idéia de um personagem que anunciava a morte de seu autor do site Cronópios.
– Como você pode saber de tudo isso?
– Já falei: Sou personagem dela. Vivo dentro da cabeça dela. Sei de tudo que se passa por lá.
– Então por que eu também não sei? Também moro lá.
– Talvez ela goste mais de mim. Imaginou a mim primeiro.
...
– Droga! Odeio ela!
– Não diga isso. Você é ela e ela é você.
– Então talvez ela se odeie.
– É mais provável que esteja com pena de si mesma por não conseguir mais escrever coisas bacanas.
– Eu também sinto pena dela.
– Isso é conveniente.
...
– Será que ela ainda tem jeito?
– Talvez. Parece que ela tem lido muito, isso deve ajudar.
– E se ela desistir? Se resolver estudar corte e costura?
– Então nós viraremos bonitos vestidos.
– É... Não parece mal.
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