terça-feira, janeiro 15, 2008

O maior vazio que se pode sentir é a falta de um lugar para voltar. Pode parecer divertido no primeiro dia e ainda é divertido no segundo. Mas no terceiro, após um dia cansativo de trabalho, após enfrentar uma chuva gelada na volta para casa (casa...?), vem o vazio.De repente você se dá conta de que não vai tomar um banho no chuveiro com o qual se acostumou, não vai abrir o armário e pegar o pijama mais confortável, não vai abrir a geladeira com desenvoltura, pegar o que quiser e fechá-la com o pé. Você não vai mais ligar a tv no canal que quiser e passar o resto da noite no MSN conversando com um colega qualquer.
Você vai se pegar sentado no pé de uma cama estranha, em um quarto estranho da casa de uma pessoa estranha. Vai estar cansado, mas a sua vergonha de se deitar vai ser maior. Nesse momento você vai lembrar de como os livros ficaram legais arrumados da última forma que você os deixou, vai lembrar do violão do qual, embora estivesse a tempos empoeirado e esquecido em cima do armário, você gostava para valer. Vai doer mesmo no momento em que você se der conta de que nunca mais vai deitar na sua antiga cama. E sabe o que é ainda pior? O mundo. Ele não vai parar porque você está com cara de choro. E essa é a forma mais simples e batida de aprender que o mundo é cruel.
Mas ao poucos, a sua vida, como um muro de tijolos que desmoronou, vai sendo reconstruída. Logo você se acostuma com um novo chuveiro, arruma uma nova forma de almoçar, deixa o seu cheiro em um novo cobertor, encontra novas pessoas para amar, perdoa e é perdoado pelas antigas pessoas que você amava.

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