terça-feira, novembro 10, 2009


Naquela manhã acordou muito descansada, sentindo-se leve como há tempos não acontecia. Colocou um antigo CD do Nando Reis para tocar e teve aquela sensação de prazer que algumas músicas especiais lhe davam em dias bons. Depois, segurando uma caneca de café em frente à janela, ficou se perguntando por que não ouvia aquele disco há tanto tempo. Como uma corrente de água quente que nos encontra mergulhando num mar gelado, recordações e sentimentos invadiram seus pensamentos e os remeteram àquele antigo amor. Lembrou do que essas músicas significaram e ficou surpresa de conseguir ouvi-las novamente sem sofrer. Gostou muito daquele pequenino, como nunca mais gostou de ninguém. Hoje, não podia afirmar se aquilo era amor ou deslumbramento. Não havia nada em comum entre os dois, além do sentimento de só terem um ao outro, contra todos em volta e tudo que acreditavam. Não sentia mais do que carinho pelas lembranças que trazia daqueles primeiros dias de enfrentamento de um mundo cinza e de uma casa colorida. Foram sentimentos assassinados, muito bem enterrados e depois prometidos a outras pessoas. Mas seriam sempre boas lembranças para se ter de manhã, tomando café e ouvindo Nando Reis.

"Amor eu sinto a sua falta
e a falta é a morte da esperança
Como o dia que roubaram o seu carro
deixou uma lembrança
que a vida é mesmo coisa muito frágil
uma bobagem uma irrelevância
diante da eternidade do amor de quem se ama

Por onde andei enquanto você me procurava?
E o que eu te dei?
Foi muito pouco ou quase nada
E o que deixei?
Algumas roupas penduradas
Será que eu sei que você é mesmo tudo aquilo que me falta?"