sábado, agosto 18, 2007

Aqueles versinhos tão doces e bobinhos foram perdidos há muito tempo, dentro de um velho caderno. Procurou-os umas duas vezes sem muito entusiasmo e não os achou. Depois esqueceu, aposentou o velho caderninho e lá ficaram os versinhos, dormindo, como uma bela adormecida um pouco feia.
Coitados dos versinhos! É certo que não eram versos da mais esplêndida beleza, nem foram escritos pelo mais esplêndido poeta. Eram versos bem bobinhos, bem melosos, bem clichês... Eram versinhos desses que se escreve em cartinhas apaixonadas na quinta série, ou na agenda - em códigos de estrelas e bolinhas -, mas eram tão puros, tão sinceros. Merecem sim um pouquinho de piedade por estarem perdidos, pois naquele momento, naqueles anos, naquela época, foram sentidos com toda a capacidade de um coraçãzinho partido.
Os versinhos escondidos, tão secretos, tão denunciadores dos mais íntimos sentimentos, perdidos agora, ainda, talvez para sempre, nas páginas amareladas de um caderno velho, ocultos, como deveriam mesmo ser.

Um comentário:

Anônimo disse...

O Caderno (Toquinho/Mutinho)

"Sou eu que vou seguir você
Do primeiro rabisco até o be-a-bá.
Em todos os desenhos coloridos vou estar:
A casa, a montanha, duas nuvens no céu
E um sol a sorrir no papel.

Sou eu que vou ser seu colega,
Seus problemas ajudar a resolver.
Te acompanhar nas provas bimestrais, você vai ver.
Serei de você confidente fiel,
Se seu pranto molhar meu papel.

Sou eu que vou ser seu amigo,
Vou lhe dar abrigo, se você quiser.
Quando surgirem seus primeiros raios de mulher
A vida se abrirá num feroz carrossel
E você vai rasgar meu papel.

O que está escrito em mim
Comigo ficará guardado, se lhe dá prazer.
A vida segue sempre em frente, o que se há de fazer.
Só peço a você um favor, se puder:
Não me esqueça num canto qualquer."

Fofinho, né? ;-)