Gosto dos desajustados. Sou dessas
que a família olha com desconfiança: “parece que nunca vai se acertar na vida”.
Tenho simpatia pelos que às vezes andam deprimidos se sentindo diferentes de
tudo que está ao redor. Acho que essas são as pessoas mais inteligentes, porque,
sim, está mesmo tudo errado! Mas essa gente não vem embalada em bons empregos,
carros e cabelos. Alguns tomam remédios, têm histórias com drogas, viveram
infâncias e adolescências ruins. Sim, essas pessoas são as que sentiam desde
que nasceram, mesmo sem ainda conseguir explicar, que a sociedade é doente.
Sempre tenho vontade de chorar quando ouço Geni e o Zepelim, pois acho que ela
estava certa em preferir amar com os bichos. Gosto ainda mais daqueles que,
tendo entendido o motivo do desajustamento, passam a vida tentando colocar o mundo
de cabeça pra cima. Acho bonito da parte deles. Nas horas vagas esse tipo de
gente é capaz de descer uma ladeira dentro de um carrinho de supermercado,
rindo como loucos.