terça-feira, outubro 07, 2014
Obrigada
Não era um dos meus melhores dias. Eu estava triste. Com fones de ouvido, esperando um ônibus qualquer, travestida de normalidade — com jeans, blusa preta e mochila, passava perfeitamente despercebia. Mas uma senhora sentou ao meu lado e ficou me olhando fixamente. Ela era bem velha, a beleza já havia sumido do seu rosto há anos, tinha o pescoço um pouco torto e as bochechas assimétricas. Já seus olhos eram carregados de bondade e, em meio a todo aquele movimento, ela percebeu que aquele não era um dos meus melhores dias... Não falou nada, só ficou ali me olhando como quem queria me pegar no colo. Depois levantou arrastando os chinelinhos e se foi. Eu quis agradecer o carinho.
domingo, fevereiro 16, 2014
Os desajustados do mundo
Gosto dos desajustados. Sou dessas
que a família olha com desconfiança: “parece que nunca vai se acertar na vida”.
Tenho simpatia pelos que às vezes andam deprimidos se sentindo diferentes de
tudo que está ao redor. Acho que essas são as pessoas mais inteligentes, porque,
sim, está mesmo tudo errado! Mas essa gente não vem embalada em bons empregos,
carros e cabelos. Alguns tomam remédios, têm histórias com drogas, viveram
infâncias e adolescências ruins. Sim, essas pessoas são as que sentiam desde
que nasceram, mesmo sem ainda conseguir explicar, que a sociedade é doente.
Sempre tenho vontade de chorar quando ouço Geni e o Zepelim, pois acho que ela
estava certa em preferir amar com os bichos. Gosto ainda mais daqueles que,
tendo entendido o motivo do desajustamento, passam a vida tentando colocar o mundo
de cabeça pra cima. Acho bonito da parte deles. Nas horas vagas esse tipo de
gente é capaz de descer uma ladeira dentro de um carrinho de supermercado,
rindo como loucos.
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