Marina tinha pele quase negra e olhos azuis. Nunca entendi aquilo, nem conheci outra pessoa com
atributos iguais. Muita coisa nela me era incompreensível. Algumas se
solucionaram com o tempo, outras esqueci, outras atormentaram meus sonos ao
longo dos anos.
Amei-a todos os dias, antes e depois de nós. Havia amor
por ela nos meus passos, nas coisas mais banais da vida. Mas apesar disso saí daquela casa um dia e nunca mais voltei.
Nós dois fomos definidos pela contradição, que pode ser explicada assim: a mulher que me molhava a testa no momento
em que morri não foi a mulher que mais amei. Foi apenas minha mulher. E,
independente disso, era uma grande mulher.
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