domingo, outubro 14, 2012

Marina

No dia em que saí daquela casa Marina disse: "Seja lá o que fizeres na vida, faça por mim". E assim o fiz, todos os dias, até a morte.

Marina tinha pele quase negra e olhos azuis. Nunca entendi aquilo, nem conheci outra pessoa com atributos iguais. Muita coisa nela me era incompreensível. Algumas se solucionaram com o tempo, outras esqueci, outras atormentaram meus sonos ao longo dos anos.  

Amei-a todos os dias, antes e depois de nós. Havia amor por ela nos meus passos, nas coisas mais banais da vida. Mas apesar disso saí daquela casa um dia e nunca mais voltei.

Nós dois fomos definidos pela contradição, que pode ser explicada assim: a mulher que me molhava a testa no momento em que morri não foi a mulher que mais amei. Foi apenas minha mulher. E, independente disso, era uma grande mulher. 

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