quinta-feira, fevereiro 02, 2012

Sobre os registros e a memória

Tenho me cobrado um post, um relato, uma frase qualquer para registrar por aqui o quão bonita foi nossa viagem ao Uruguai e à Argentina. Mas lembrei de um texto do Eduardo Galeano, filho de uma das belas cidades que conhecemos, que justifica em muito eu não escrever mais do que apenas isso. Já coloquei esse texto no blog há um tempo, mas a ocasião justifica fazê-lo novamente:

“Quando me separei de Graziela deixei a casa em Montevidéu intacta. Ficaram os caracóis de Cuba e as espadas da China, os tapetes da Guatemala, os discos e os livros e tudo. Levar alguma coisa teria sido um roubo. Tudo isso era dela, tempo compartido, tempo que agradeço; e me larguei no caminho, rumo ao não sabido, limpo e sem carga.

A memória me guardará o que valer a pena. A memória sabe de mim mais que eu; e ela não perde o que merece ser salvo.

Febre de meus adentros: as cidades e as gentes, soltas da memória, navegam para mim: terra onde nasci, filhos que fiz, homens e mulheres que me aumentaram a alma.”

Eduardo Galeano ~ Dias e noites de amor e de guerra




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