quarta-feira, abril 27, 2011

Seu mundo é moderno?

Nunca tínhamos ido àquele restaurante. Fazia uma bonita noite de outono e tomávamos cerveja. Então o vi se aproximando pela calçada. Nossa mesa ficava tão perto da rua que eu conseguiria tê-lo tocado. Tive vontade de ajudar, mais tarde lembrei que poderia ter oferecido ao menos uma água. Era um homem puxando uma carroça carregada de papelões (deve ter sido um dia “bom”, pois a pilha de materiais chegava a uns dois metros e meio). Um homem cansado, suando, com cara de dor. Às 21h30 de uma terça-feira. Como é possível que esse tipo de imagem torne-se normal no cenário do nosso dia-a-dia? Vira papel de parede, no início choca, depois nem a notamos mais. Conheci um loteamento onde a maior parte dos moradores vivia de recolher lixo reciclável. Esse lugar é longe do Centro, muito mais longe se considerarmos que eles fazem esse caminho a pé, diariamente, puxando uma carroça. Perguntei-me se era para lá que ele estava indo. Perguntei-me quantos filhos ele teria e para quanto tempo daria o dinheiro da venda daquilo. Ainda vivemos na Idade Média, e há os que defendem que é muito sofrimento para os cavalos fazer esse serviço.     

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