Cuidado!
Fechem os ouvidos! Os olhos! As bocas!
Principalmente as bocas!
Avisem-na, antes que seja tarde, que há veneno por toda parte.
Contem para ela que o perigo mora entre os corredores, embaixo dos tapetes, no fundo falso das gavetas e na xícara de café.
É o mundo, agora não adianta chorar.
Avisem-na, antes que ela se surpreenda, que haverá gritos, conspirações, mortes por envenenamento e sufocamento.
Cuidado!
Vicia.
Avisem-na, antes que ela se apaixone, que a sensação causa dependência, que logo ela não vai mais querer fazer outra coisa.
Diga a ela que não se mude. Ainda mora na antiga casa, junto aos antigos livros e aos antigos ídolos.
É o mundo, às vezes é necessário chorar.